Oitava de Páscoa
Quarta-feira
Quarta-feira da Oitava da Páscoa
“Batizados que somos, devemos morrer para o pecado e viver para Deus. É o que realizamos com o desapego total não só do pecado grave, mas também do pecado venial, procurando além disso desapegar-nos sempre mais de todo o afeto puramente humano e mundano, a fim de orientarmos os nossos pensamentos, desejos, afetos e ações para a finalidade última de nossa existência, que é a posse de Deus no céu.”
Missal Romano
Na confissão, o ato essencial da parte do penitente é a conversão do coração e da mente, ou seja, a rejeição clara e inequívoca do pecado, com o firme propósito, nascido do arrependimento, de não voltar a ofender a Deus.
A confissão é difícil? Sim e não.
Existe, naturalmente, a dificuldade de desnudar a alma, com todas as suas misérias, diante de outro ser humano. Mas, ao extirpar de si o mal pela confissão, a gente se sente aliviada. Quem não teve um dia experiência como esta?
A confissão dos pecados, porém, é preciso dizer, não é feita para conseguir um desabafo psicológico. Na realidade, contudo, vem a ser uma esplêndida terapia.
Nós, os seres humanos, não somos espírito nem matéria, mas ambas as coisas num só corpo. E funcionamos pela matéria, uma vez que nada existe no entendimento que não haja passado pelos sentidos. Assim, nosso mundo exterior tem sua expressão em gestos e palavras.
Necessitamos ouvir que estamos perdoados, é preciso que o digam, com palavras e gestos.
Jesus, ao perdoar o paralítico, disso isto a ele e disse-o também a Madalena. Em outros casos, ele o fazia com um gesto de amizade, como o que teve para com Zaqueu, quando convidou-se para jantar em casa dele, ou para com Levi, ao chamá-lo para sua companhia.
No tribunal da misericórdia, a confissão, o assunto é resolvido entre o penitente e Deus. Deus é o juiz, e ele age por meio do sacerdote. Se, no entanto, o pecador não expuser com precisão o estado de sua consciência, como poderá o sacerdote conhecer a causa de suas transgressões, para absolver ou reter seus pecados?
Não esqueçamos que quem perdoa na penitência, por meio do sacerdote, é Cristo.
“A fórmula sacramental ‘eu te absolvo’, a imposição da mão e o sinal-da-cruz traçado
diante do penitente, manifestam que naquele momento o pecador contrito e convertido entra em contato
como poder e a misericórdia de Deus. É o momento em que, em resposta ao penitente, a Santíssima
Trindade se faz presente para apagar seu pecado e lhe devolver a inocência e a força salvífica da
paixão, morte e ressurreição de Jesus, a qual se comunica ao próprio penitente como ‘misericórdia
mais forte que a culpa e a ofensa’.”
(João Paulo II, Reconciliação e Penitência)
Luis Baigorri
A Penitência (adaptação)
